Olhar pela primeira vez
No outro dia, estava a estender a roupa para secar ao sol e depois de o fazer, parei e olhei à minha volta. Tive a sensação de olhar para este sítio como se fosse a primeira vez que o estivesse a ver, como se chegasse aqui pela primeira vez e absorvesse uma novidade.
Rapidamente percebi como tantas vezes nem olho para o que me rodeia! Ou se olho, não vejo. Como tenho tantas ideias daquilo que vou ver, porque já conheço, já vejo todos os dias. Porque há uma história entre mim e este lugar.
Tal qual como faço, por vezes, com o meu corpo.
Muitas vezes perdemo-nos nas tarefas mundanas, deixando passar ao lado a beleza da simplicidade dessa mesma tarefa. Ou num pensamento destrutivo, ou num pensamento de superioridade ou de inferioridade, ou em acções orgulhosas.
Um sítio é um sítio.
Uma tarefa é uma tarefa.
Uma pessoa é uma pessoa.
Um corpo é um corpo.
Simples e pura.
Tu és tu.
Simplesmente.
O teu corpo é o teu corpo.
Simplesmente.
Olhas para o teu corpo?
Olhas para o teu corpo com ideias pré-concebidas?
Quando foi a última vez que olhaste para ti e gostaste do que viste?
Aprecias-te, não te perdendo em detalhes auto-pejorativos.
Olhast-e como se fosse a primeira vez que te vês?